Confira o que Carol Savioli, especialista em e-learning, tem a dizer sobre o assunto
Era fim de março. A equipe do IBEGESP havia aderido ao home office e às medidas de distanciamento social há cerca de 2 semanas, antes mesmo do governo estadual de SP impor esta necessidade. E de repente, nos vimos diante de um desafio: somar esforços para formular conteúdos orientativos para profissionais que atuam no Sistema Único de Saúde, em especial na área da enfermagem e da radiologia.
Eram várias as informações que precisavam chegar a estas equipes que estavam – e ainda estão – na linha de frente do enfrentamento ao coronavírus. O conteúdo precisava abarcar tanto temas mais simples, como medidas de higienização, quanto questões mais complexas, como a operação de um tomógrafo.
Como fazer isso? Era impossível dar uma palestra para colaboradores espalhados em diversos hospitais e ainda evitar aglomerações. Também não era viável construir um curso EaD tradicional que levasse semanas para ficar pronto. A necessidade era emergencial!
Você deve estar se perguntando qual foi a saída encontrada, certo? Mas a verdade é que para treinamentos urgentes, é preciso um plano de ação que atue em diferentes frentes. Veja abaixo o que foi feito!
# 1º momento – Explicar com vídeos
Foram feitos vídeos tutoriais explicando conteúdo. Mas calma aí: como colocar uma equipe de gravação dentro de um hospital durante uma pandemia? Diante deste impasse, o conhecimento dos próprios especialistas no assunto resolveu a situação: foram os profissionais da saúde que gravaram e narraram estes vídeos com as câmeras de seus celulares e contando com a orientação de especialistas da área da educação.
# 2º momento – Direcionar o material audiovisual
Agora era a hora dos profissionais de Treinamento e Desenvolvimento agirem: foram criados textos explicativos para guiar o acesso aos vídeos gravados. Para além disso, o material foi brevemente ilustrado e animado em uma plataforma de design instrucional.
# 3º momento – Disponibilizar o conteúdo
Conteúdo pronto. E agora, como disponibilizar? Os materiais foram inseridos em um LMS, de modo que o acompanhamento das turmas pudesse ser feito a partir da mensuração de dados confiáveis e relatórios de adesão.
# 4º momento – Comunicar os profissionais
Não adianta disponibilizar um material EaD sem conscientizar o estudante da importância da realização do curso e das formas de acessá-lo. Por isso foi criado um plano de comunicação que abarcava diferentes frentes: e-mail, whatsapp e até ligação telefônica.
Agora que você viu este passo a passo de construção destas orientações EaD, reflita: quanto tempo esse fluxo levou para ser finalizado? Você acreditaria que levou apenas um fim de semana? Pois bem: é esta a verdade! Esta campanha aconteceu na Fundação Instituto de Pesquisa e Estudo de Diagnóstico por Imagem e você pode saber mais detalhes sobre ela conferindo a fala da Simone Vicente, superintendente de gente e gestão da FIDI, na live da Semana EaD da Administração Pública.
O que essa produção conseguiu evidenciar é que a pandemia criou uma nova dinâmica de treinamento, na qual soluções rápidas e assertivas são essenciais. E esta nova realidade não é válida apenas para a área da saúde ou em situações emergenciais. Uma série de setores administrativos não precisam (nem devem) deixar de lado o planejamento anual de treinamento por conta do isolamento social, afinal, as equipes ainda têm necessidades de capacitação que precisam ser sanadas. O EaD, que já era uma realidade crescente, é um grande aliado neste momento.
Esta é a opinião de Helio Suleiman, diretor e presidente da Fundação Agência da Bacia Hidrográfica do Alto Tietê. Helio, que durante o isolamento social capacitou-se com um curso à distância de Licitações e Contratos, acredita que o EaD é “uma modalidade que veio para ficar”. Segundo o profissional, este tipo de capacitação é uma possibilidade que, para além de viabilizar treinamentos de grandes equipes, também pode atender servidores que, individualmente, querem investir no seu desenvolvimento:
“Sou muito favorável a esse tipo de formação e acredito que há cursos EaD com um valor de investimento acessível que podem favorecer o próprio servidor a não depender da administração pública.”
Carolina Savioli, especialista em EaD e responsável por criar treinamentos que já impactaram mais de 1 milhão de alunos, também enxerga a modalidade de ensino como algo que continuará crescendo após a pandemia. Para além de pensar nestes cenários de longo e médio prazo, a profissional destaca o quanto o isolamento social fomentou o mercado EaD no presente e criou um novo público para treinamentos do tipo:
“O isolamento social estimulou muito o mercado digital de treinamentos. Muitas empresas estimularam seus colaboradores a estudar por meio de cursos à distância neste período de pandemia, como se fosse uma oportunidade para desenvolver novos treinamentos que há tempos demandavam necessidades. Muitas escolas formadoras facilitaram os acessos aos cursos virtuais, concedendo descontos e até mesmo bolsas integrais de estudos. Sendo assim, a quantidade de oportunidades para realização de estudos de formação foi muito ampliada o que permitiu a geração de todo um novo público consumidor de treinamentos virtuais.”
Carolina ainda atenta ao fato de que as novas demandas da pandemia não aumentaram apenas o público que consome estes materiais, como também as próprias soluções tecnológicas do EaD. O exemplo dado no início dessa matéria é um exemplo diante da imensa expansão da área. Segundo Carolina, houve
“(Um) crescimento abrupto do mercado EaD, ferramentas digitais, softwares, sistemas, plataformas e diversos outros recursos tecnológicos que ganharam visibilidade para oferta de ensino. O que antes era ofertado apenas por meio de plataformas AVA ou LMS, agora evoluiu para ofertas de ensino em vários meios de tecnologia e comunicação, como plataformas de streaming, aplicativos de comunicação síncrona, redes sociais e canais de vídeos. A educação à distância está sendo amplamente adaptada para quaisquer meios de entrega de ensino e os designers instrucionais estão inovando na criação de metodologias de ensino absolutamente tecnológicas.”
Estas novidades tecnológicas que a especialista em EaD menciona serão essenciais para as novas possiblidades de treinamento da Administração Pública, inclusive para equipes que estão atuando na modalidade home office. E é por este motivo que gestores devem esforçar-se para readaptar o plano de treinamento de suas equipes no cenário da pandemia. Pensando nesse cenário de readaptação, Savioli enumerou as seguintes dicas para os gestores públicos:
“É preciso investir em formação à distância, sem dúvida, mas de olho no perfil de acesso dos colaboradores, perceber de forma analítica em que tempo, por quanto tempo e em quais recursos os colaboradores da instituição navegam pela virtualidade e levar em consideração essa realidade, pois dessa forma os cursos serão aplicados de forma mais efetiva, pois vão ao encontro das vivências digitais do colaborador. Formações que fazem parte do contexto e ambientes de acesso do aluno, pela própria natureza simplificada de aplicação, diminuem a evasão escolar, amplificam a possibilidade de interação com o ensino e acima de tudo estimulam o engajamento do estudante.”
É esta personalização propiciada pela educação à distância que, segundo Carol Savioli, poderia dotar gestores públicos de novas competências e saberes, afinal “de que outra maneira seria possível atingir uma quantidade imensa de pessoas através de projetos educativos que permitissem interação sem custos de alta complexidade?”
Agora que você, leitor do Radar IBEGESP, teve contato com estas dicas da profissional, confira abaixo possibilidades de treinamento EaD e saiba como capacitar equipes durante a pandemia. Mas lembre-se que para escolher uma das soluções abaixo é preciso alinhar os objetivos de aprendizagem do treinamento à avaliação.
- Cursos Prontos ou Customizados
É possível optar por cursos autoinstrucionais já fechados ou por cursos desenhados especificamente para um público-alvo.
#Dica: quanto mais resistência ou falta de conhecimento o público tiver sobre o universo EaD, maior é a importância da customização.
- Pílulas de Aprendizagem
Microlearning é um conceito em inglês que remete, basicamente, ao método de ensino em pequenas, rápidas e assertivas doses. As famosas pílulas de aprendizagem se encaixam nesta ideia!
#Dica: sempre que precisar transmitir um conteúdo, reflita: será que ele precisa ser um curso completo ou pode ser fracionado em pequenos vídeos de whatsapp ou quizzes interativos, por exemplo?
- Lives, palestras e aulas online
O olho no olho também é importante em tempos de distanciamento social. Mesmo que essa prática seja intermediada por uma câmera. Invista nesses encontros no seu órgão público.
#Dica: tenha atenção ao tempo! Uma live ou aula online não é igual a uma aula presencial. Tente ser breve e dê intervalos.
- Canais de Comunicação
O Whatsapp e o Telegram permitem a criação de grupos em que só o administrador pode enviar conteúdo. O Telegram ainda propicia interação com os alunos através de quizzes e enquetes.
#Dica: tenha um plano de comunicação em mente e não peque pelo excesso de conteúdo. Com certeza o aluno não quer receber no próprio celular uma série de informações em horários aleatórios.
É possível ver que soluções EaD vão muito além das videoaulas ou cursos de leitura, certo? Comente com a equipe do Radar IBEGESP como você e sua equipe estão se capacitando em tempos de pandemia e responda a breve pesquisa abaixo.
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EaD é saída para Gestão Pública durante pandemia