O mercado tem demandado competências na área de Gerenciamento de Projetos
Este conteúdo faz parte do centro de estudos de Gestão Pública do IBÊ
Em tempos de desafios, o gerenciamento de projetos se torna um fator essencial para a competitividade de organizações e profissionais. Embora pareça paradoxal em um cenário onde muitas empresas estão cortando pessoal e investimentos, a realidade é que as competências em gestão de projetos se tornam ainda mais essenciais.
Peter Drucker, um dos mais influentes pensadores em administração, destacou que "o que pode ser medido pode ser gerenciado." Essa reflexão se aplica diretamente ao gerenciamento de projetos, que, quando bem executado, traz avanços significativos. O mercado, ciente dessa necessidade, busca cada vez mais profissionais com habilidades em gerenciamento de projetos.
Num contexto de mudanças globais e incertezas, observamos uma crescente demanda por competências e maturidade em gerenciamento de projetos. As organizações estão adotando abordagens mais cuidadosas na gestão de seus portfólios, priorizando projetos que estejam alinhados às suas metas estratégicas. Além disso, a execução eficaz dos projetos, com foco na gestão financeira, identificação de riscos e no envolvimento de profissionais qualificados, tornou-se um imperativo.
Para alcançar esses objetivos, o gerenciamento eficaz de projetos requer profissionais com competências sólidas, conhecimentos em processos, melhores práticas e ferramentas de apoio. Esses elementos são decisivos para aumentar as chances de sucesso no desenvolvimento e conclusão dos projetos. O sucesso deve ser medido não apenas pelo cumprimento do escopo e dos custos previstos, mas também pelo engajamento da equipe, redução do estresse e criação de uma base de conhecimento sólida.
Um exemplo claro do movimento em direção ao fortalecimento das competências em gerenciamento de projetos é o crescente estabelecimento de Escritórios de Gerenciamento de Projetos (Project Management Office - PMO) em empresas anteriormente desprovidas de tais estruturas, conforme evidenciado por um estudo recente do Project Management Institute (2024). O relatório do PMI (2024) destaca que a implementação de PMOs tem contribuído significativamente para o aumento da eficiência dos projetos, padronização de processos, redução de custos, facilitação da comunicação entre equipes e a melhoria da qualidade dos produtos entregues, evidenciando sua importância estratégica numa cultura organizacional orientada para resultados.
Como bem observou Drucker, “não há nada tão inútil quanto fazer com grande eficiência algo que não deveria ser feito”, é evidente que a busca por competências é fundamental para superar desafios. Conforme destacado por McClelland (1973), as competências são características individuais que diferenciam os profissionais de alto desempenho. No contexto da gestão de projetos, essas competências, como definidas por Spencer e Spencer (1993), são fundamentais para assegurar a entrega de projetos com sucesso. Além disso, Hamel e Prahalad (1990) argumentam que as competências essenciais são o motor da vantagem competitiva das organizações. Ao investir no desenvolvimento de competências em gerenciamento de projetos, as empresas não apenas aumentam sua capacidade de entregar projetos com sucesso, mas também se tornam organizações que aprendem, conforme proposto por Senge (1990), capazes de se adaptar às mudanças e alcançar a excelência contínua.
Para concluir, é importante recordar uma reflexão de Drucker: "A melhor maneira de prever o futuro é criá-lo." Nesse contexto, a gestão de projetos emerge como uma ferramenta estratégica essencial para moldar esse futuro. Como afirma Toffler (1980), o profissional do futuro precisa ser capaz de aprender continuamente e adaptar-se às mudanças. A gestão de projetos, com sua natureza dinâmica e foco em resultados, oferece um ambiente propício para o desenvolvimento dessas habilidades. Além disso, conforme destacado por Senge (1990), as organizações que aprendem são as mais bem preparadas para enfrentar os desafios do futuro. Além disso, a gestão de projetos pode contribuir para um futuro mais sustentável, alinhado com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU. Seguindo os ensinamentos de Yunus (2007), podemos utilizar projetos para promover o desenvolvimento social e econômico de comunidades menos favorecidas.
A rápida evolução tecnológica, como previsto por Ray Kurzweil (2005), exige que as organizações sejam ágeis e capazes de se adaptar rapidamente às novas realidades. Os frameworks ágeis, como Scrum e Kanban, em conjunto com ferramentas de gestão de projetos baseadas em inteligência artificial, permitem que as empresas respondam a essas demandas de forma eficaz.
Assim, ao integrar práticas e competências de gerenciamento de projetos, as empresas não apenas resolvem desafios imediatos, mas também melhoram a eficiência operacional e promovem um crescimento sustentável a longo prazo.
*Artigo de opinião.
Autoria: Lilian Treff é Gerente de Programas e Projetos no Instituto de Medicina Física e Reabilitação (IMREA), Hospital das Clínicas, Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP). Profissional com sólida experiência em gestão de projetos e programas estratégicos, com foco em metodologias ágeis e criação de PMOs de alto desempenho. Especialista em desenvolvimento e implementação de soluções que impulsionam a eficiência operacional e promovem resultados sustentáveis.
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Lilian TreffTags:
Boas Práticas, gerenciamento de projetos, Gestão Pública, Sustentabilidade