Prática pode facilitar decisão na área de Gestão de Pessoas
O que guia a decisão de um gestor? O que mobiliza uma equipe de Recursos Humanos a agir da forma X ou da forma Y? Você acha que o que é chamado de achismo supera as evidências?
A redação da Radar IBEGESP já expôs em algumas situações que a área de Gestão de Pessoas possui o estigma da subjetividade. Afinal, tudo aquilo que é humano não é exato. Não há conta de divisão ou subtração que explique a satisfação ou insatisfação de um colaborador. Não é por isso, no entanto, que a área não deve se basear em estudos científicos sólidos e confiáveis.
A Gestão por Evidências poderia ser uma destas balizas capazes de trazer maior legitimidade à área. Utilizada inicialmente por profissionais da área da saúde, em especial médicos, a teoria tem um objetivo simples: incentivar que cada tomada de decisão seja alicerçada em fatos comprovados por estudos científicos recentes. Apesar de parecer um pressuposto óbvio, não é o que se vê no cotidiano da maior parte das organizações, sejam elas do setor público ou privado.
Foi o que percebeu um grupo de médicos de Ontário, no Canadá. Ao invés de seus diagnósticos se basearem em evidências apontadas por estudos, suas decisões eram majoritariamente influenciadas por:
- Conhecimentos obsoletos (como os adquiridos na faculdade);
- Tradições e costumes;
- Métodos nos quais o profissional possui muita experiência.
Ou seja, apesar de haver uma intensa produção de conhecimento científico que é constantemente atualizada, a maior parte dos profissionais permanecia na zona de conforto na hora de tomar alguma decisão. Longe de estar restrito ao âmbito da saúde, esse fenômeno atinge de forma recorrente a Gestão de Pessoas.
Isto se torna visível em diferentes tipos de organizações. Locais marcados por uma rigidez hierárquica exacerbada tendem a funcionar a partir de tomadas de decisões menos plurais e mais conservadoras. Já locais pautados por uma maior flexibilidade e horizontalidade exibem certa pluralidade e satisfação – o que nem sempre significa assertividade. Em ambas as situações nota-se um problema que tende a se repetir: a falta de evidências e a supremacia das opiniões.
A Gestão por Evidências permite, diante deste impasse, um debate sóbrio sobre diferentes tendências. Para além disso, este tipo de gestão pressupõe a atualização constante de conhecimento. Não se trata de acreditar que a Gestão por Evidências suprime diferentes tipos de opiniões, mas sim que traz bases mais sólidas para a exposição de pontos de vista distintos.
É possível pensar em uma série de fluxos de trabalho na área de Recursos Humanos que carecem da análise de fatos balizados por evidências científicas. Como definir um plano de carreiras, cargos e salários sem saber quais são as principais demandas do trabalhador atual e as tendências de mercado? Como implementar medidas para melhoria da saúde mental dos colaboradores sem entender os fatos que levam a enfermidades do tipo? Como definir processos de contratação sem estar por dentro da aplicação de questionários com análise psicológica?
Dentre os vários benefícios de atuar a partir da Gestão por Evidências está, em especial, evitar o retrabalho. Medidas baseadas em decisões puramente opinativas nem sempre levam em consideração os detalhes de determinados fluxos. Agir com base em fatos e evidências permite implementações mais seguras, planejadas e controladas.
E você? Já refletiu sobre como a Gestão por Evidências pode ser aplicada em seu ambiente de trabalho? Não perca tempo e comece.
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Autor:
Marina Macedo RegoTags:
Inovação, Matérias, Recursos Humanos e Gestão de Pessoas