HUMANIZAÇÃO EM HOSPITAIS PÚBLICOS

13 set, 2021 ● 3 minutos

Menos estresse e custos

"A ideia é levar trabalho de qualidade à população que mais precisa e que não tem como pagar. A humanização vai desde o exame até o laudo” Simone Vicente Superintendente de Projetos e Qualidade"

Se alguns procedimentos médicos já deixam adultos nervosos, como a tomografia computadorizada, o pavor de claustrofóbicos, no caso das crianças o medo é maior. A Fundação Instituto de Pesquisa e Estudo de Diagnóstico, Fidi, realiza exames de imagem na rede pública de Saúde e tem mudado a experiência de muitos pacientes. A instituição criou um trabalho de humanização em seis hospitais da rede pública em parceria com as Secretarias de Saúde. Um dos exames considerados mais difíceis é a ressonância, por necessitar de sedação, já que os pequenos precisam entrar em um aparelho e ficar parados. Medidas aparentemente simples, como mudar a pintura das paredes e a decoração do local, reduziram em 7% o uso de sedativos nos procedimentos em geral desde que o projeto foi implementado, há cerca de um ano. Isso diminui também os riscos de reações adversas em crianças e adolescentes, que podem ocorrer em função destas substâncias.

Os profissionais escolhem um tema para a decoração, que estampa desde a recepção até a sala de exames. A Fidi executa o projeto com a direção das unidades e um designer contratado especificamente para reordenar os espaços. As salas são reformadas e as paredes são pintadas de acordo com o tema proposto, como fundo do mar ou espaço sideral, por exemplo. Os desenhos diferem de acordo com a faixa etária atendida. “Uma série de pontos devem ser olhados. No caso de crianças, por exemplo, a figura de um leão na parede pode gerar medo. Temas unissex também são levados em conta”, explica Simone Vicente, superintendente de projetos e qualidade da Fidi. Em Goiás, por exemplo, o Hospital Materno Infantil recebeu um tema para mães e filhos. Os desenhos foram trabalhados a partir da figura da Cegonha para que todos se sintam bem. 

Os custos são de responsabilidade da Fundação e a atuação é 100% voltada a clientes públicos em todo o país. “A ideia é levar trabalho de qualidade à população que mais precisa e que não tem como pagar. A humanização vai desde o exame até o laudo”, explica Simone Vicente. O trabalho ocorre em unidades nos estados de São Paulo e de Goiás, onde a entidade atua: Hospital Infantil Darcy Vargas (SP), Hospital Infantil Cândido Fontoura (SP), 

Hospital Infantil Márcia Braido (SP), Hospital Materno Infantil (GO) e o  Hospital de Doenças Tropicais (GO).

Não só as crianças recebem esta atenção, os adultos também. Um projeto está em desenvolvimento para melhorar os ambientes durante os exames de mamografia. O objetivo é deixar a paciente mais confortável e relaxada. “A mamografia é um exame em que ela já vai com medo, para várias mulheres causa muita dor. Então é preciso você tirar o foco e gerar acolhimento naquele momento, com isso a gente consegue reduzir um pouco desse estresse”, comenta Simone.

A mudança no comportamento não é somente dos pacientes. Os profissionais mudam sua forma de trabalhar. A FIDI faz uma capacitação com os funcionários e um processo de humanização. “Para quem trabalha também é difícil lidar com pessoas doentes. Então para eles é muito legal trabalhar a criança de uma maneira lúdica”, relata Simone. Ela reforça que há planos de ampliar este trabalho social,”. Simone Vicente acrescenta, ainda, que o plano da Fundação é expandir o serviço de humanização para as mais de 80 unidades onde atua e, acima de tudo, manter com qualidade o trabalho que já é realizado atualmente.