Liderança e Geração Z: Precisamos priorizar os valores e as relações interpessoais genuínas no ambiente de trabalho

Francisco Pereira

21 maio, 2024 ● 5 minutos

*Artigo de opinião

Entenda quais são os valores da geração Z e sua relação com a liderança

Em pesquisa realizada em agosto de 2023, com amostra de 1000 trabalhadores estadunidenses conduzida pela empresa canadense Visier, os resultados mostraram uma clara redefinição do significado de ser líder.

Pessoas em primeiro lugar

O que se identificou foi que o significado de sucesso profissional se deslocou de um lugar de ocupar cargos de liderança para sentir-se realizado e obter satisfação profissional. Neste contexto, liderar pessoas deixou de ser a ambição profissional de uma geração – a Geração Z – e deu lugar a um sentimento de satisfação ligado à qualidade de vida e propósito

Em meio à esta realidade, o  SXSW  - evento internacional de marketing e inovação que ocorre anualmente em Austin, no Texas (EUA) desde 1987 - , trouxe como um dos principais assuntos o papel das pessoas e de suas relações no contexto do trabalho.

Foi o que se viu na palestra de Amy Gallo: "People First, Always: How to Put Values at the Heart of Your Business", que trouxe à tona essa discussão, destacando a necessidade de priorizar os valores e as relações interpessoais genuínas no ambiente de trabalho. Ela enfatizou a importância de lidar com conflitos internos de forma transparente e empática. Voltando à pesquisa da Visier, os entrevistados disseram que o que não os inspira a assumir cargos de liderança é a expectativa de aumento do estresse (40%), a perspectiva de ter de trabalhar mais horas (39%) e a satisfação com a função atual (37%).

Enquanto isso, suas principais ambições são: Ter mais tempo com a família (67%), cuidar da saúde física e mental (64%) e poder viajar (58%). A pesquisa é mais extensa e traz outros insights importantes para quem precisa lidar com as novas gerações e seu papel no mundo do trabalho e na liderança. A pesquisa  pode ser acessada no link ao final deste artigo.

Contemplando esta realidade no mundo do trabalho, o que vemos é uma geração de novos trabalhadores que aspiram por um ambiente que - segundo Daniel Pink, autor do livro "Drive" -, promova a motivação humana, impulsionada por três fatores: autonomia, maestria e propósito. Esses elementos estão intrinsecamente ligados às interações humanas, à colaboração e ao desenvolvimento de relações saudáveis no ambiente profissional.

Não se pode afirmar que a adoção de medidas que promovam este ambiente profissional almejado pela Geração Z seja garantia de sua predisposição a assumir funções de liderança, mas, certamente que não dar atenção a elas é assumir como certo que em breve não haverá quem queira ocupar estes espaços. De fato, na pesquisa contatou-se que: “31% dos entrevistados concordam que considerariam abandonar o emprego se fossem nomeados gestores de pessoas.” 

Se, como disse, não há garantia de que as novas gerações queiram assumir papel de lideranças nas organizações, ao menos, é essencial que os líderes e gestores estejam atentos a algumas práticas-chave para cultivar um ambiente saudável e produtivo que possa inspirá-los nesta jornada:

  1. Promover uma liderança facilitadora em detrimento do comando e controle: a liderança facilitadora se alinha melhor à visão de uma geração que não quer se sentir só quando lidera. Ser um facilitador é assumir a vulnerabilidade de não saber tudo e não ter todas as respostas. Ao mesmo tempo, isso tende a promover cooperação e respeito das pessoas que são lideradas.
  2. Comunicação aberta e transparente: Estabelecer canais de comunicação eficazes e promover um ambiente onde os colaboradores se sintam à vontade para expressar suas opiniões e preocupações.
  3. Cultivar a empatia e a escuta ativa: Incentivar a compreensão mútua, a empatia e a capacidade de ouvir atentamente as necessidades e pontos de vista dos membros da equipe.
  4. Promover o desenvolvimento pessoal e profissional: Investir em programas de desenvolvimento que incentivem o crescimento pessoal e profissional dos colaboradores, reconhecendo suas habilidades e potenciais.
  5. Valorizar a diversidade e a inclusão: Criar um ambiente inclusivo que valorize a diversidade de pensamentos, experiências e backgrounds, promovendo um senso de pertencimento e respeito mútuo.
  6. Estimular o feedback construtivo: Encorajar a cultura do feedback, tanto positivo quanto construtivo, para promover o aprendizado contínuo e o aprimoramento das relações interpessoais.

A liderança neste novo contexto é certamente mais complexa e pode sim ser desafiadora para novos profissionais. Liderar em nosso tempo é saber transitar de forma harmoniosa em meio à diversidade em sentido amplo.


Para conhecer mais:
Pesquisa da Visier: https://www.visier.com/blog/new-research-individual-contributors-shun-management/?utm_source=newsletter&utm_medium=email&utm_campaign=newscarreiras


Autoria: Francisco Pereira é Analista Governamental em Goiás desde 2007, atuou em áreas de gestão de atendimento e gestão de serviços públicos até 2017 e assumiu a função de Executivo Público da Secretaria de Gestão entre 2017 e 2018. Em 2019 tornou-se gerente de Inovação e Simplificação Pública da Secretaria de Administração e, em 2022 passou a atuar em assuntos de inovação em serviços públicos e atendimento ao cidadão. 


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