O éthos do contemporâneo X A difícil missão do Gestor Público

Lucas Matheus

27 set, 2022 ● 3 minutos

*Artigo de opinião

Além da missão de servir ao interesse público, confira como a conduta do gestor público contribui para a disseminação de valores humanos

É urgente e necessário que haja uma nova leva de políticos que entendam que, para além dos problemas sociais, econômicos e culturais, há um outro que precede todos esses três, e que como uma mola, faz retroceder todo avanço conseguido. Esse imbróglio diz respeito às estruturas mais complexas da coletividade. Estruturas essas que não são mudadas com leis, decretos ou imposições, pois se referem ao fórum íntimo de cada cidadão. Refiro-me à ética, responsabilidade, tolerância, decência e tantos outros valores que deveriam estar em alta conta, mas não estão.

Então quais valores estão sendo alimentados? O leitor deve estar se perguntando. Veja as mudanças que têm ocorrido no Brasil impulsionadas pelas falas de importantes representantes políticos nos últimos cinco anos e o entendimento é imediato. Os casos de violência por motivos políticos e a intolerância contra grupos minoritários só crescem, sendo nítido pela quantidade diariamente noticiada pelos mais variados veículos de informação. O recente assassinato do guarda municipal e tesoureiro do PT a tiros em seu próprio aniversário e o ataque por parte de garimpeiros à tribo Yanomami são apenas dois de tantos outros casos que se tornam constantes no contemporâneo.   

Sei que quando se fala em Gestão Pública, de imediato, o que vem à mente são pautas como educação, saúde e transporte, por exemplo, que são temas importantes e necessários. Mas, pouco se discute sobre uma tarefa tão importante quanto a do gestor público, principalmente de políticos eleitos, que é a de influenciar a percepção da população acerca de valores necessários à construção de um ser humano melhor. Pois, se valores como violência e intolerância continuarem a serem fortalecidos, casos como os citados passarão a ser banais em virtude de sua frequência. 

Essa é uma tarefa árdua, pois não depende apenas da capacidade intelectual em matéria de legislar do gestor público, mas sim da imagem que ele passa por meio de sua fala e modo de agir à população. Por isso, ele precisa vigiar seus impulsos, suas ações, suas palavras, pois como representante da coletividade, ele é uma pessoa que precisa servir de exemplo aos demais. Como mudar ao próximo se antes não mudar a si mesmo? 

Portanto, fazer de forma constante uma boa gestão de si é essencial para um bom gestor público, tendo em mente sempre o pensamento de como orientar suas ações de modo a influenciar na população a valorização da prudência, da razoabilidade, da empatia, do protagonismo e tantas outras virtudes acessíveis a qualquer ser humano, frente a um estado de absurdos que os impele contra isso.

Todo gestor público precisa educar cotidianamente a si próprio, deixando como rastro do seu caminhar a retidão, a modéstia, a benevolência e tantas outras virtudes que possam inspirar seus semelhantes. Ou seja, fazer de si um catalisador da mudança que almeja ver no mundo.


Autoria: Lucas Matheus é Paraibano da cidade de Sumé. Formado em Engenheira de produção pela UFCG, é atualmente CEO da Magnus, empresa especializada em propriedade intelectual. Tem interesse por temas diversos como tecnologia, política e filosofia. Acredita que é importante um conhecimento amplo para o amadurecimento humano e que somente o esforço individual é capaz de mudar a sociedade.


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