Os desafios da descontinuidade administrativa no setor público

25 ago, 2020 ● 5 minutos

8 dicas para lidar com as mudanças políticas da Gestão Pública

Sem dúvida, este ano está sendo um dos mais impactantes dos últimos tempos, tanto para pessoas, como empresas, instituições e, inclusive, a Administração Pública. Enquanto todos buscam uma saída satisfatória para os diversos efeitos da disseminação do coronavírus, ao mesmo tempo, é preciso pensar no mundo pós Covid-19. Porém, para os gestores públicos, esse planejamento passa por uma questão ainda mais complexa: a descontinuidade administrativa no setor público, ocasionada a cada eleição municipal, estadual ou federal. Assim, 2020 tem o enfrentamento da pandemia e eleições nos municípios. Haja desafios!

Considerada como consequência a cada troca de políticos e/ou partidos, a descontinuidade acarreta a mudança quase sempre no nível estratégico e frequentemente no nível tático. Essa troca pressupõe também o risco de interrupção de projetos, obras e ações, na alteração de prioridades e metas e engavetamento de planos futuros. E, obviamente, isso pode afetar as atividades, causar desmotivação e até mesmo tensão das equipes envolvidas.

Tudo isso pode acontecer por conta da necessidade de cada gestão definir sua maneira de governar e apresentar soluções com sua marca e características partidárias. Assim, após a transição, projetos e funções podem ser anulados em função de critérios políticos e não por questões técnicas.

Mas o que o gestor pode fazer para lidar com as constantes alterações na Administração Pública, sem que essa realidade interfira na eficiência de suas atividades, planejamentos e iniciativas?

Com a missão de descomplicar e contribuir com sua atuação, nós da Redação Radar IBEGESP citamos abaixo pontos que vão colaborar para você lidar com a possível descontinuação de cargos e projetos numa gestão:

  1. para evitar desperdício de dinheiro público, deve-se mapear projetos e ações que possam ser continuados. Além de aperfeiçoá-los, revisando as justificativas – que podem ser inúmeras e defendidas por todos os lados – para alinhar ao perfil de um provável novo gestor e, se possível, inserir novos pontos, a partir de indicadores atuais;
  2. para fugir da ineficiência, pontuar e apresentar conceitos de qualidade nos projetos em andamento, de modo a ter indicadores sobre a situação e projeções futuras, que corroborem para a continuidade;
  3. focar em prioridades de políticas públicas que não interfiram em possíveis novos padrões políticos e administrativos. Para isso, é preciso evitar desenvolver somente medidas e ações centralizadas, com um único viés e que, de certa maneira, poderão ser abandonadas completamente numa nova gestão;
  4. para manter o mínimo de continuidade de ações e programas que atendem de forma satisfatória a sociedade, é preciso envolver instâncias representativas da comunidade que buscam a melhoria em cada área e apresentam as prioridades da população e serviços essenciais necessários pois, mesmo mudando a gestão, mantém o uma linha de continuidade e, desta forma, evitam o desperdício com obras e projetos interrompidos;
  5. estabelecer planos e projetos de trabalho de curto e longo prazo. O primeiro para motivação atual e o segundo para manifestar a intenção de não haver ruptura de propostas – principalmente aquelas que busquem o bem comum;
  6. procurar tirar proveito da possível alternância de ideologias na gestão para transformar políticas públicas essenciais, adaptar o que precisa de novas análises e atualizar o que já está estabelecido, mas não entrega grandes resultados;
  7. atentar para o fato de que na transição de uma gestão, é possível manter a eficiência de um projeto e apenas mudar o nome;
  8. ter por hábito inserir planos de trabalhos que abordem a descontinuidade, que não sejam prejudicados.

Aproveite também e dê uma olhada em nosso texto que fala sobre Os Desafios da Continuidade e da Gestão da Informação nas Políticas Públicas, no qual você poderá entender, a partir de exemplos práticos, como lidar com as mudanças governamentais e gerenciar aspectos essenciais para esta questão.

Com estas dicas, procuramos apontar caminhos para que gestores e funcionários públicos que tenham contato direto com a descontinuidade possam elaborar planos e metas para as etapas finais de determinada gestão e, com isso, se sintam mais preparados para o novo período, com novos desafios e projetos.

Estes momentos de transição, sejam na área pública ou privada, realmente fazem os profissionais analisarem o que pode ser mudado. O processo de Orientação Dirigida tem auxiliado gestores públicos a conduzirem os desafios, desenvolverem melhor suas habilidades, competências e sua visão estratégica.

Nós do IBEGESP salientamos que é importante ter em mente que no serviço público pode haver descontinuidade política, porém, há continuidade administrativa e os gestores fazem parte disso.